Pachos na testa, terço na mão, 
Uma botija, chá de limão, 
Zaragatoas, vinho com mel, 
Três aspirinas,. creme na pele 
Grito de medo, chamo a mulher. 
Ai Lurdes que vou morrer. 
Mede-me a febre, olha-me a goela, 
Cala os miúdos, fecha a janela, 
Não quero canja, nem a salada, 
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada. 
Se tu sonhasses como me sinto, 
Já vejo a morte nunca te minto, 
Já vejo o inferno, chamas, diabos, 
anjos estranhos, cornos e rabos, 
Vejo demónios nas suas danças 
Tigres sem listras, bodes sem tranças 
Choros de coruja, risos de grilo 
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo 
Não é o pingo de uma torneira, 
Põe-me a Santinha à cabeceira, 
Compõe-me a colcha, 
Fala ao prior, 
Pousa o Jesus no cobertor. 
Chama o Doutor, passa a chamada, 
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada. 
Faz-me tisanas e pão de ló, 
Não te levantes que fico só, 
Aqui sózinho a apodrecer, 
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.
António Lobo Antunes
ihihihiihihihihiihihih
7.9.06
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1 comentário:
tinha que ser um homem doente...que mariquinhas tanto "visky" não lhe tira as dores?
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